sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Parador

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Era em alguma comunidade carente no estado do Rio de Janeiro, aproximadamente 10, 11 anos atrás, ele vivia feliz até os 14, teve infância.
Em um trem, acho que o Campo Grande em direção a Central do Brasil, é o bagulho ta doido. Hoje vende coisas dentro do trem, naquele momento reencontrou um amigo ao qual viveu com ele os melhores anos da vida dele, a infância! Lembra de quando eu e os menor pegava as rã, colocava a lanterna nos olho dela p ficar parada? Dizia ao outro, com uma entonação de voz que não parecia vir dele, bastante grossa. – Puxava pela cabeça, e quebrava o pescoço, tirava o couro e fritava, ficava que nem frango! – Óbvio uma veg ouvindo isso iria ficar com o coração partido, mas havia algo ali de especial, fechei o livro que estava lendo reparei mais nas feições dos que ali conversavam. A infância difícil, dentro da favela, sem saneamento básico, esgoto a céu aberto, aparentemente sem recursos algum não deixou o pobre menino de aproveitar a infância. Isso marcou.

2 Volta. No último trem do dia, central do Brasil, quase 23:00, entrei no trem, havia bastantes lugares disponíveis, sentei, e novamente ouvindo conversas, nossa como sou uma fofoqueira! Nessa viagem, e grande viagem foi só para confirmar e pensar, e pensar em até que ponto a vida vale ser vivida, imaginei o trabalho das pessoas, que deviam estar voltando, mesmo vivendo precariamente, sobrevivendo para quem vê de fora, imaginei a família que esperava em casa, a pureza dos corações. Será que se soubessem teoricamente mais, ainda procurariam viver?
Ao mesmo tempo em que vivem com pouco, são mais felizes, dão mais valor as pessoas, pois é a única saída.